domingo, 14 de dezembro de 2014

DOENÇA DO CARRAPATO (PARTE I) - ERLIQUIOSE CANINA



A Erliquiose Canina é uma doença muito comum na clínica de pequenos e recentemente confirmada como uma zoonose. A Erliquiose é causada por um hemoparasito(Pasasita que invade o sangue), que faz parte de um grupo de bactérias conhecidas como ricketsias, da ordem Rickettsiales, família Anaplasmataceae.

Análises genéticas recentes, que tiveram início em 2001, proporcionaram ampla reclassificação e renomeação taxonômica de bactérias classificadas nos gêneros Ehrlichia, Rickettsia, Anaplasma,Cowdria, Wolbachia e Neorickettsia, que levaram a uma nova classificação e mudança de gêneros de várias destas bactérias. Atualmente, o gênero Ehrlichia compreende cinco espécies válidas: Ehrlichia canis, E. chaffeensis, E. ewingii, E. muris e E. ruminantium. São bactérias que parasitam o sistema fagocitário mononuclear, tais como monócitos e macrófagos e, para algumas espécies, em células mielóides(células de origem da medula óssea), tais como neutrófilos.


.                                        (Carrapato fêmea cheia de ovos) 

Este hemoparasita infecta os monócitos circulantes dentro do citoplasma formando agregados intracelulares(entre as células) denominados “mórulas”. Estas mórulas( uma massa de células) compreendem um conjunto de microorganismos firmemente envoltos por uma membrana. As células infectadas se distribuem pelo organismo através da circulação do sangue e pelas vias linfáticas .

A erliquiose canina é transmitida aos cães pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus(carrapato vermelho do cão) sendo transmitida em todos os estágios de desenvolvimento do carrapato.
A transmissão da doença ocorre de forma mecânica, sendo transmitida através da
saliva do carrapato vetor, pela picada destes durante a alimentação do sangue , e estes se infectam ao
se alimentarem de um hospedeiro infectado, pela ingestão de leucócitos infectados de cães na
fase aguda da doença, e se disseminam pelo organismo do carrapato através dos hemócitos(células de sangue dos insetos) do intestino, indo para a glândula salivar. Os carrapatos sobrevivem como adultos sem se alimentarem entre 155 a 568 dias, podendo transmitir a infecção por até 155 dias após se
tornarem infectados. Outra forma de transmissão é através de transfusões de sangue infectado.
Após a penetração no hospedeiro canino, a primeira replicação das erliquias ocorre nas células mononucleares e nos linfócitos. O hemoparasita penetra na membrana celular através de fagocitose(Processo utilizado pela célula para englobar partículas sólidas, que lhe irão servir de alimento.) e, uma vez dentro da célula hospedeira, inibe a formação do fagolisossoma,desenvolvendo-se dentro deste.
Quando maduras, as mórulas se dissociam em novos corpúsculos elementares, que deixam as
células por exocitose ou por lise das mesmas, seguindo para parasitar novas células.
Após a transmissão do parasito ao cão pelo carrapato, a erliquiose tem um período de incubação de 8 a 20 dias, porém este período varia com a dose de parasitas infectantes, ou seja, quanto maior a dose de parasitas, menor o período de incubação. Entretanto,as alterações patológicas e clínicas não são influenciadas pela dose infectante.
A fase aguda ocorre após um período de incubação que varia entre 8 e 20 dias e perdura por 2 a 4 semanas. É caracterizada principalmente por hipertermia (39,5 - 41,5 oC), anorexia, perda de peso e astenia(fraqueza)Menos freqüentemente observam-se outros sinais inespecíficos como febre, secreção nasal, anorexia, depressão, petéquias hemorrágicas, epistaxe(sangramento nasal, hematúria(urina com sangue), ou ainda edema de membros, vômitos, sinais pulmonares e insuficiência hepato-renal.
A fase sub-aguda é geralmente assintomática, podendo ser encontradas algumas complicações como depressão, hemorragias, edema de membros, perda de apetite e palidez de mucosas
A fase crônica da erliquiose assume as características de doença auto imune. Geralmente nesta fase o animal tem os mesmos sinais da fase aguda porém atenuados, encontrando-se apático, caquético e com susceptibilidade aumentada a infecções secundárias, em conseqüência do comprometimento imunológico. 
O diagnostico pode ser clínico e/ou laboratorial, onde o diagnostico clínico é
realizado através da suspeita pelos sintomas. O diagnostico laboratorial se dá através de
hemograma, exames bioquímicos e urinálise. No exame hematológico identifica-se
trombocitopenia, anemia normocítica, normocrômica, eosinopenia, linfopenia e desvio nuclear de
neutrófilos para esquerda, sendo estes achados predominantes durante a infecção por E. canis.
Pode-se ainda realizar o diagnóstico por imunofluorescência indireta, que constitui um método sensível e 
muito específico, permitindo o diagnóstico preciso da erliquiose.
tratamento tem por objetivo prevenir a manutenção da doença pelos portadores sãos. Vários antibióticos podem ser utilizados para o tratamento desta doença, mas a droga de eleição é a doxiciclina. A dose varia conforme a fase e o estado em que o animal se apresenta, sendo que ela varia de 5 a 11 mg/kg de peso vivo, duas vezes ao dia, durante 14 a 21 dias de tratamento na fase crônica e até 8 semanas na fase aguda. Pode ser feito um tratamento suporte, utilizando-se a fluidoterapia (principalmente em quadros crônicos) e corticóides em animais que apresentam trombocitopenia. Em alguns casos se faz necessária a transfusão sanguínea.


A prevenção é feita através do controle da população de carrapatos nos animais e no meio ambiente, através do uso de produtos. Existem autores que propõe tratar os animais provenientes de áreas endêmicas de carrapatos com doses terapêuticas de doxiciclina, por mais de uma geração do carrapato transmissor.

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