sexta-feira, 6 de março de 2015

HIPOTIROIDISMO EM CÃES

O hipotireoidismo é uma doença de grande incidência em cães, porém pouco comum em gatos. A glândula tireóide possui uma série de funções, sendo mais conhecida devido a sua capacidade de regulação do metabolismo.

O hipotireoidismo ocorre quando a glândula tireóide passa a não produzir a quantidade necessária de hormônio. A doença gera uma série de diferentes sintomas que podem estar relacionados a outras doenças. Suspeita-se de hipotireoidismo quando o animal apresenta sintomas de obesidade, ganho de peso excessivo e rápido, alopecia (queda de pêlos) e problemas de pele, sendo a maioria desses sintomas em conjunto.
Por ser a glândula tireóide a responsável pela produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tetraiodotironina), um simples exame de sangue, em teoria, seria o suficiente para que o diagnóstico da doença fosse feito de maneira precisa. No entanto, muitos cachorros contam com uma quantidade muito baixa destes hormônios na sua circulação e, nesses casos, o animalzinho pode acabar ficando sem um diagnóstico correto por anos.
Tanto as causas quanto os sintomas que envolvem a ocorrência desta doença em cães são diversos e, infelizmente, não há maneiras de ajudar para que seu cãozinho fique previnido do problema. Entretanto, uma das razões que pode desencadear a doença é, justamente, a predisposição genética para o hipotireoidismo que algumas raças específicas possuem.
Na maioria das vezes, os cães passam a mostrar os primeiros sinais relacionados à doença quando chegam à meia-idade (entre cinco e dez anos de vida) e, além de haver uma predisposição genética por parte dos cachorros de algumas raças determinadas, especialistas afirmam que os animais castrados - tanto machos como fêmeas - podem apresentar um risco maior de desenvolver a doença quando comparados aos pets não-castrados.
O hipotireoidismo pode ocorrer sempre que houver algum distúrbio no eixo hipotálamo-hipófise-tireóide, porém mais de 95% dos casos ocorre devido a uma destruição da glândula tireóide. 50% dos casos em que há destruição da glândula tireóide em cães, estão relacionados a doenças auto-imunes, em que o próprio organismo mata as células da tireóide. Os outros 50% são causados por atrofia do tecido da glândula tireóide e conseqüente infiltração de tecido gorduroso na glândula. A causa desta atrofia e substituição por tecido gorduroso ainda é desconhecida.
Entre as raças que têm maiores chances de apresentar a doença ao longo da vida, podemos citar Golden Retriever, Doberman, Pinscher, Setter Irlandês, Schnauzer Miniatura, Dogue Alemão, Boxer, Poodle, Dachshund, Cocker Spaniel, Rottweiler, Beagle, Labrador e Airedale Terrier. Assim como há raças com maior risco da doença, há, também, outras em que o problema dificilmente ocorre, como no caso do Pastor Alemão e da maioria dos cães de raça mestiça.
Os sintomas são muito variáveis e dependem da idade do animal em que aparece a deficiência dos hormônios da tireóide. Porém os sintomas compreendem em metabólicos: letargia; retardo mental; ganho de peso (maior ingestão de comida), inatividade; intolerância ao frio, dermatológicos: como queda de pêlo de forma simétrica ou não em ambos os lados do corpo, envolvendo a região de flanco, base de orelhas e cauda (“cauda de rato”); pele ressecada e ou quebradiça; hiperpigmentação de pele; seborréia seca ou oleosa e infecção de pele (piodermite) que são geralmente recidivantes (ou seja, que melhoram após tratamento porém voltam algum tempo depois), reprodutivos: em fêmeas ocorre ciclo estral anormal (cio alterado); cio silencioso (ou seja, aquele que ocorre sem sangramento, aumento de vulva e mudança de comportamento); aborto espontâneo. Em machos ocorre falta de libido; atrofia testicular e infertilidade, neuromusculares: fraqueza; paralisia do nervo facial; convulsões, cardivasculares: contratilidade diminuída do coração; frequência cardíaca baixa (bradicardia) e arritmias cardíacas.Gastrointestinais: diarréia; constipação, oculares: depósito de lipídio na córnea; úlcera de córnea; inflamação da úvea (uveíte).

O diagnóstico é feito através dos exames de sangue que mensuram as concentrações séricas basais do hormônio da tireóide, mais os sintomas e história clínica do paciente.
O tratamento é realizado através da reposição hormonal com levotiroxina sódica (sintética) prescrita por um profissional da área (médico veterinário), que irá receitar a quantidade de medicação conforme o paciente. Retornos a cada 3 ou 4 meses serão solicitados pelo veterinário para que este possa fazer um monitoramento terapêutico da doença através de exames periódicos, avaliar se houve desaparecimento dos sinais clínicos do hipotireoidismo e em alguns casos se necessário, reajustar a quantidade de medicação que o animal irá receber.